Rowling diz que teve que se mudar devido ao assédio da imprensa

Em um depoimento para uma comissão que investiga a ética da imprensa britânica, a autora da série de Harry Potter criticou bastante a intrusão da imprensa em sua vida pessoal, especialmente quando seus filhos estavam envolvidos.

A escritora britânica J.K. Rowling declarou nesta quinta-feira (24) que o assédio da imprensa no Reino Unido a obrigou a se mudar de casa na Escócia e abandonar o imóvel que tinha comprado com o dinheiro de seu primeiro livro da saga Harry Potter.

Rowling detalhou sua batalha contra os abusos da imprensa, principalmente para proteger seus filhos, em uma declaração perante a comissão presidida pelo juiz Brian Leveson, que investiga a ética da imprensa britânica e a eficácia de seus órgãos reguladores.

Em seu testemunho, a escritora contou que jornalistas e fotógrafos a "expulsaram" de sua primeira propriedade ao publicar imagens em que se via o nome da rua e o número. Por isso, continuar vivendo ali se tornou insustentável, segundo ela.

Rowling é mais uma personalidade britânica que foi convidada a falar perante a comissão Leveson. Também na quinta testemunharam a atriz Sienna Miller, que teve seu telefone divulgado pela imprensa, e o ex-chefe da Fórmula 1, Max Mosley, que processou o já extinto News of the World por acusá-lo de ter participado de uma orgia de temática nazista.

Em um depoimento emocionado, Rowling, que vendeu quase 500 milhões de cópias dos sete livros de Harry Potter, revelou que tinha tomado medidas contra a imprensa em cerca de 50 ocasiões, em geral para proteger seus filhos dos fotógrafos.

A escritora, que tem três filhos, explicou que a imprensa a acossou dia e noite para obter fotos dos menores, de suas gravidezes e na companhia de seu segundo marido, Neil Murray. Um dos incidentes que mais a afetou foi quando encontrou uma carta escrita por um jornalista na mochila de sua filha mais nova. A escritora afirmou ter se sentido invadida.

Rowling admitiu que às vezes falou sobre sua própria vida com os jornalistas, "sempre com um motivo", mas considera que seus filhos têm direito de se manter fora do circo midiático. A escritora ressaltou que há três temas que tratou com a imprensa: seu início como autora quando era uma mãe divorciada vivendo de subsídios sociais, seus surtos de depressão e a esclerose múltipla, doença que matou sua mãe.

Nos três casos, seu propósito era explicar alguns dos personagens de seus livros - como os Dementadores, inspirados em sua depressão -, chamar a atenção sobre uma situação ou fazer campanha por uma causa.

Além de examinar os padrões éticos da imprensa do Reino Unido, a comissão Leveson analisará posteriormente as possíveis práticas ilegais da imprensa britânica, após a conclusão de uma investigação policial em curso. (Blog SagaPotter)

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