Lembrando que o veremos pela última vez interpretando Voldemort daqui 5 dias, em Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2! Continue ligado no blog para mais informações sobre a tão esperada estreia. (Oclumência)
“Em que medida o senhor se baseou ou se influenciou na história de J.K. Rowling?”
Vou ser sincero. Não sou fã de Harry Potter. Nunca consegui ler um livro da série Harry Potter. Não consigo, é uma incapacidade minha. Não tenho muito tempo de lazer, e preciso estudar os roteiros com que trabalho.
“Como foi viver Voldemort em três filmes da saga Harry Potter?”
Ralph: Adorei, me diverti muito. Fiz um Voldemort operístico, melodramático, um vilão em alta definição, quase sem nuances, embora tenha tentado explorar seu lado frágil. Me senti criança de novo. A maior dificuldade do papel foi aquele manto negro me deu coceiras o tempo todo (risos). Aprendi a mover a varinha mágica com um dançarino que nos deu algumas aulas durante as filmagens. Fiquei satisfeito com o resultado. Outro dia um fã veio me perguntar como eu me sentia de novo na pele de um nazista como Voldemort. Achei graça, e ainda bem que nem uma criança na rua me reconheceu e me agrediu, pelo menos até agora – até porque uso uma máscara no filme, e a molecada não sabe quem sou. Quis criar de fato um vilão total. Mas não posso dizer que me envolvi demais no papel, até porque não é este o meu método de atuar. Trabalho de acordo com as exigências dramáticas. Não vamos nos enganar: Harry Potter não é Shakespeare; é entretenimento. Quando você lê um roteiro desses e depois se depara com A Tempestade, de Shakespeare, a diferença é muito grande. Enfim…
“Mas Harry Potter é uma marca geracional…”
Ralph: Sim, claro. Admiro o trabalho dos Davids: o (diretor) Yates e (os produtores) Heyman e Barron . Eles cercaram os atores de cuidados, tomaram conta da vida deles e lhes ensinaram a trabalhar. E o desenvolvimento dos efeitos visuais é espetacular no filme. Não é um estúdio de Hollywood, tudo foi feito com amor – e amor à arte.
“Como o senhor equilibra trabalhos cultos e populares?”
Ralph: Tudo tem seu momento. Adoro me envolver intensamente em papéis como o de Hamlet (na Broadway, em 1995), mas também viro criança nos trabalhos populares. Uma coisa não seria possível sem a outra…
“E como foi sua estreia como diretor, em Coriolanus?”
Ralph: Foi uma experiência que me ensinou muitas coisas, até mesmo sobre os atores. Vanessa Redgrave fez uma interpretação que me impressionou, ainda estou sob o impacto de sua Volumnia. Escolhi para dirigir uma das peças menos lidas de Shakespeare, Coriolano, que, no entanto, tem tudo a ver com nossos dias, pois é o retrato de um ditador intolerante, incapaz de enxergar o outro. Tive de abordar um texto muito difícil, que é incompreensível até para nós, ingleses, e talvez os espectadores de outros idiomas não sintam o impacto da dificuldade porque os filmes são exibidos com legendas. O texto de Shakespeare não é nada fácil, e é preciso fazer algumas transposições para não se tornar absolutamente hermético. Ao mesmo tempo, é uma linguagem elástica, que permite a liberdade no momento em que é falada e interpretada.
“O senhor adora Shakespeare, e agora começa a atuar como Prospero. Por que Shakespeare?”
Ralph: Ora, perguntar isso a um ator inglês é redundância, não é mesmo? Na verdade, interpretei poucas vezes papéis shakespearianos, fiz Hamlet e agora já estou suando frio em pensar em Prospero. Não direi nada de excepcional se confesso que Shakespeare me comove toda vez que o leio e vivo os papéis que criou. Shakespeare compreendeu como nenhum outro dramaturgo a essência do ser humano. É a humanidade que as peças de Shakespeare mantém viva que me comove sempre.
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