Como já divulgamos diversas vezes, a edição especial da revista estadunidense Empire sobre o final da saga Harry Potter com "Relíquias da Morte - Parte 2" trará diversas matérias, stills, ensaios fotográficos e, principalmente, entrevistas com membros do elenco.
Um dos atores entrevistados foi o quarentão Jason Isaacs, que interpretou o esnobe Lúcio Malfoy desde "Câmara Secreta" e respondeu a perguntas relacionadas ao fim de uma série tão marcante, a falta que fará e como foi a sua interpretação.
Além disso, o ator gravou um vídeo com um breve depoimento sobre o último filme. Confira-o completamente legendado em português!
Logo abaixo você pode ler a entrevista do ator à revista Empire totalmente traduzida por Bruna Clokai.
JASON ISAACS EM "RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 2"
O que há para Lúcio Malfoy no final de Harry Potter
Jason Isaacs, ou Lúcio Malfoy, é o homem mais eloquente que você vai conhecer um dia. Ele alegou, durante essa entrevista no photoshoot de Harry Potter, que estava cansado e confuso, mas como você irá notar ele pode ter sido o anterior mas certamente não o último. Aqui ele comenta sobre as facetas covardes escondidas do personagem Malfoy, e o que "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" está trazendo. Aviso: spoilers moderados podem aparecer.
Como você se sente agora que tudo está chegando ao fim?
É difícil de processar já que por sorte eu estive trabalhando; se eu parasse e fosse pensar nisso, ficaria terrívelmente chateado. Mais chateado devido ao fato de que pra mim foi um processo incrívelmente familiar e agradável. Ir até os Estúdios Leavesden onde o mesmo grupo esteve por mais de uma década, vendo os mesmos rostos na cafeteria, ver as pessoas crescerem – não apenas os atores mas todos da equipe. E tem também o privilégio extraordinário de trabalhar com esse elenco!
É realmente um elenco extraordinário!
É como ter uma liga de atores inacreditável por aquelas cadeiras, e ouvir Alan Rickman, Maggie Smith, Bill Nighy, Jim Broadbent, Imelda Staunton, Julie Walters e Mark Williams: a lista não acaba nunca! É o tipod e coisa que os estudantes americanos pagariam milhões de libras esterlinas para fazer no verão, e eu tive que fazer isso de graça por uma década. Então, apenas como um bônus lá dentro, quase que casualmente, eu tive que interpretar Lúcio Malfoy. Eu vou sentir falta de levar ele em seus trabalhos árduos.
Ele é um personagem que realmente mudou.
Ele se tornou mais e mais acreditável para mim, de uma forma estranha. Ele tem que ter o sucesso que merece. Ele era esse homem que investiu pesadamente em seu próprio poder e status e ficou de olho no retorno de Voldemort para que pudesse tomar seu devido lugar ao lado de seu mestre. Mas quando Voldemort voltou ele viu Lúcio por sua presunção, seu poder louco e por seu narcisismo, e o chamou disso, e o humiliou constantemente. Então você pode ver o que ele era quando estava contra a parede: ele poderia se virar, e usar seu filho e sua esposa. Então ele foi enviado para a prisão, e por causa disso ficou sem dinheiro. E ele voltou, e literalmente não sabia onde era seu lugar no mundo. Ele não podia nem mesmo ficar em sua própria casa com os pertences da família.
Isso tudo deve ter feito dele um personagem bem interessante de interpretar.
Primeiramente foi interessante de interpretar todas essas mudanças, quando várias pessoas à minha volta não tiveram a chance, e depois tentar e trabalhar em como acertar isso. Uma das coisas mais admiráveis de trabalhar no processo é ver os diretores, os vários diretores – David Yates recentemente – e David Barron e David Heyman, tomarem as rédeas e não levar os filmes em uma direção diferente dos livros, mas ter isso como uma completa experiência cinematográfica. Então quando nós chegamos no último livro todos tivemos a sensação de que eles tinham que entregar alguma coisa que fosse bastante fílmico e eles tinham que acertar qualquer sentimento que a audiência precisasse para isso, mesmo que o livro não fosse interessante nessas partes. Alguns personagens se desenvolveram de maneiras diferentes. Então quando chegou em Lucius, houveram debates constantes entre mim e David Yates no set quando nós começamos a filmar as últimas cenas: qual deveria ser o último momento? Deve haver um último momento? Ele deve morrer? Ele deverá ser encontrado escondido atrás da cortina? Deverá ficar na frente de Draco? Eu não tinha idéia do que iria para o corte final, se alguma coisa iria. Geralmente você tem esse processo torturoso que termina com literalmente nada no filme. Mas tentar achar um espaço no filme quando há essas sequências enormes de ação e a obrigação de colocar a adrenalina correndo nisso tudo, E satisfazer o desejo do público em dizer adeus à todos os personagens era complicado. Nós voltamos um pouco com um breve momento que eu penso que foi perfeito para o que Lucius faria, mas poderá haver algo nos extras do DVD então eu estou um pouco embaraçado em falar sobre isso.
Você pode nos dizer alguma coisa sobre isso?
Nós filmamos um pouco. A coisa sobre os filmes Potter é, quanto mais eles crescem e mais audiência tem, você tem que acertar as coisas correndo e mastigar o cenário nos três segundos disponíveis. Mas é triste dar adeus porque eu acho que ele foi um personagem interessante e complicado. A camera ama segredos e segredo vive, e certamente com Lucius houveram várias camadas. Tinha como ele queria que o mundo o visse; o que ele controlava para colocar isso para fora, que não era o que ele queria que o mundo visse; e tem também o que realmente estava acontecendo, que é esse homem covarde e egocêntrico. E racista, terrívelmente racista! Ele foi deixado de lado e contantemente ele ânsiava voltar na hora que ele achava ser melhor.
Você disse que o personagem se tornou mais acreditável à medida que ele aparecia.
Não mais acreditável, mas eu acho que havia mais instabilidade nele. Ninguém vai chegar a gostar de Lucius, mas era mais fácil de entender ele com o passar do tempo. Todos sabem como é, querer puxar a ameaça e a ameaça de bullying te puxa mais. Ele levantou de sua própria armadilha. Eu acho que todos podem reconhecer isso – não em seu próprio comportament – como ele era um mau pai, e o que pode acontecer quando sai do controle, e o quão desenfreado é o narcisismo, e como o racismo é um medo e uma ignorância. Eu acho que você pode ver tudo isso em Lucius; pelo menos foi o que eu tentei colocar para fora.
É fascinante o relacionamento entre Lúcio e Draco, com ele envenenando seu filho.
Tom teve que mudar também; foi ótimo para nós dois eu acho. Eu sempre achei que estivesse lá, não necessariamente como uma derrota para ele, mas assim eles poderiam entender quem ele era. Quando eu vim inicialmente eu era um tipo de ameaça monstruosa e insensível que tornaria Draco no tipo de ameaça que ele virou. Então você conhece Draco sendo horrível no primeiro filme, e quando você conhece seu pai e diz, “Eu entendi, posso ver porque ele é assim!”. Existe uma corrente inquebrável de abuso paternal por sabe-se lá quanto tempo!
Quando você chega aos dois últimos filmes, você observa Draco saindo das sombras de seu pai já que ele finalmente percebeu quem seu pai é de verdade. Existem esses momentos produtivos: quando todos são postos contra a parede e as coisas ficam realmente perigosas, eu deveria levá-lo até a saída. Eu usaria ele para restaurar meu nome, e não está em seus melhores interesses. Tem um momento no final do filme, onde, resumindo, em minha mente eu tento escolher entre ser um bom pai e ser um general fiel. Pode ser apenas um quadro no filme, mas para mim foi um momento enorme para Lúcio, e eu acho que foi um grande momento para Draco. Para quem leu o livro sabe sobre o que eu estou falando, mas para mim ele se tornou extremamente heróico.
Entrevista por Chris Hewitt
Tradução: Bruna Clokai
(ScarPotter)
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